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Databricks: Desvendando as Tabelas MANAGED e EXTERNAL

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No universo da engenharia e análise de dados com Databricks, uma das decisões fundamentais ao estruturar seu Lakehouse é a escolha do tipo de tabela a ser utilizada. A plataforma oferece duas abordagens principais: tabelas MANAGED (Gerenciadas) e EXTERNAL (Externas). Embora ambas permitam a consulta e manipulação de dados, suas diferenças em gerenciamento, ciclo de vida e flexibilidade são cruciais e impactam diretamente na governança, performance e custos do seu ambiente.


Neste artigo, vamos mergulhar nas características de cada tipo de tabela, explorando suas vantagens, desvantagens e os cenários ideais para a aplicação de cada uma. Ao final, você terá o conhecimento necessário para tomar a decisão mais estratégica para seus projetos de dados.


A Diferença Fundamental: Quem Gerencia os Dados?


A principal distinção entre tabelas MANAGED e EXTERNAL reside em quem tem o controle sobre o ciclo de vida dos dados e dos metadados.


  • Tabelas MANAGED: Como o nome sugere, o Databricks, através do Unity Catalog, gerencia de forma completa tanto os metadados (esquema da tabela, partições, etc.) quanto os próprios arquivos de dados armazenados no seu provedor de nuvem (AWS S3, Azure Data Lake Storage, etc.). Ao criar uma tabela gerenciada, você define o esquema e insere os dados, e o Databricks se encarrega de organizar e otimizar o armazenamento físico desses dados.


  • Tabelas EXTERNAL: Neste modelo, o Databricks gerencia apenas os metadados associados à tabela. Os arquivos de dados, por sua vez, estão localizados em um caminho externo que você especifica durante a criação da tabela. Isso significa que o ciclo de vida dos dados é independente do Databricks.

Essa diferença conceitual se desdobra em implicações práticas significativas, como veremos a seguir.


Mergulhando nas Vantagens e Desvantagens


A escolha entre tabelas MANAGED e EXTERNAL não é uma questão de "melhor" ou "pior", mas sim de adequação ao seu caso de uso. Vamos analisar os prós e contras de cada uma.


Tabelas MANAGED: Simplicidade e Performance Otimizada


As tabelas gerenciadas são a opção padrão e recomendada pelo Databricks para a maioria dos cenários, e por boas razões.


Benefícios:

  • Simplicidade no Gerenciamento: A principal vantagem é a abstração. Você não precisa se preocupar com a localização física dos arquivos ou com a limpeza de dados órfãos. O Databricks cuida de todo o ciclo de vida.

  • Otimizações Automáticas de Performance: Tabelas gerenciadas (especialmente no formato Delta) se beneficiam de uma gama de otimizações automáticas de performance e custo, como Predictive Optimization, que executa comandos como OPTIMIZE e VACUUM de forma inteligente, compactando arquivos pequenos e removendo arquivos antigos e não utilizados.

  • Segurança e Governança Simplificadas: Com o Unity Catalog, a governança de acesso é centralizada e simplificada. Como o Databricks gerencia todo o ciclo de vida, há um menor risco de inconsistências de segurança entre a tabela e os dados subjacentes.

  • Funcionalidades Exclusivas: Recursos como UNDROP TABLE, que permite recuperar uma tabela gerenciada deletada acidentalmente dentro de um período de retenção, adicionam uma camada extra de segurança.


Desvantagens:

  • Ciclo de Vida Atrelado à Tabela: A maior desvantagem é que, ao executar o comando DROP TABLE, tanto os metadados quanto os arquivos de dados subjacentes são permanentemente excluídos pelo Databricks após um período de retenção. Isso pode ser perigoso em caso de exclusões acidentais, embora o UNDROP mitigue parte desse risco.

  • Menor Flexibilidade de Acesso Externo: Como o Databricks gerencia a estrutura de arquivos, o acesso direto a esses dados por outras ferramentas que não sejam o Databricks pode ser mais complexo e não é uma prática recomendada.


Exemplo de Criação de Tabela MANAGED:

CREATE TABLE meu_catalogo.meu_schema.clientes_managed (
  id_cliente INT,
  nome STRING,
  data_cadastro DATE
)
COMMENT 'Tabela gerenciada para dados de clientes';

INSERT INTO meu_catalogo.meu_schema.clientes_managed VALUES
(1, 'Cliente A', '2025-01-15'),
(2, 'Cliente B', '2025-02-20');

Análise do Resultado:

Neste exemplo, o Databricks irá criar a tabela clientes_managed e armazenar os arquivos de dados em um local gerenciado pelo Unity Catalog. Se a tabela for deletada, os arquivos de dados também serão removidos.


Tabelas EXTERNAL: Flexibilidade e Controle Total


As tabelas externas oferecem um desacoplamento entre a camada de metadados do Databricks e o armazenamento físico dos dados, proporcionando maior flexibilidade.


Benefícios:

  • Persistência dos Dados: Ao deletar uma tabela externa com DROP TABLE, apenas os metadados são removidos do catálogo. Os arquivos de dados no seu data lake permanecem intactos. Isso é ideal para cenários onde os dados precisam ser acessados por múltiplos sistemas ou para evitar a perda acidental de dados.

  • Flexibilidade de Formatos e Ferramentas: Você pode registrar dados em diversos formatos (Parquet, CSV, JSON, etc.) que já existem no seu data lake. Isso facilita a integração com outros sistemas e processos que possam estar produzindo ou consumindo esses dados diretamente.

  • Compartilhamento de Dados Simplificado: É uma abordagem comum para arquiteturas onde um mesmo conjunto de dados é utilizado por diferentes plataformas de computação. Os dados são mantidos em uma localização central e diferentes ferramentas, incluindo o Databricks, podem "apontar" para eles.


Desvantagens:

  • Gerenciamento Manual: A responsabilidade pelo gerenciamento do ciclo de vida dos dados é sua. Isso inclui a limpeza de arquivos antigos (vacuuming), a otimização da estrutura de arquivos (compactação) e a garantia da consistência dos dados.

  • Ausência de Otimizações Automáticas: As funcionalidades de otimização automática, como a Predictive Optimization, não são aplicadas a tabelas externas. Essas otimizações precisam ser executadas manualmente.

  • Complexidade na Governança: A segurança precisa ser gerenciada em duas frentes: no Databricks (acesso à tabela) e no seu provedor de nuvem (acesso aos arquivos). Uma configuração incorreta pode levar a brechas de segurança.


Exemplo de Criação de Tabela EXTERNAL:

CREATE TABLE meu_catalogo.meu_schema.pedidos_external (
  id_pedido INT,
  id_cliente INT,
  valor DECIMAL(10, 2)
)
LOCATION 's3://meu-bucket/dados/pedidos/';

-- Supondo que os dados já existam no caminho S3.
-- Para registrar partições existentes, pode ser necessário usar:
-- MSCK REPAIR TABLE meu_catalogo.meu_schema.pedidos_external;

Análise do Resultado:

Aqui, a tabela pedidos_external atua como um "ponteiro" para os dados localizados no caminho s3://meu-bucket/dados/pedidos/. Se a tabela for deletada, os dados neste caminho S3 não serão afetados.


Diagrama de Decisão: Qual Tabela Escolher?


Para facilitar a escolha, o fluxograma abaixo ilustra um processo de decisão simples:

graph TD
    A[Início: Preciso criar uma nova tabela] --> B{Os dados já existem no meu Data Lake e são usados por outros sistemas?};
    B -- Sim --> C[Use uma Tabela EXTERNAL];
    B -- Não --> D{A gestão do ciclo de vida dos dados deve ser totalmente controlada pelo Databricks para simplicidade e performance?};
    D -- Sim --> E[Use uma Tabela MANAGED];
    D -- Não --> F{Preciso que os dados persistam mesmo que a tabela seja deletada no Databricks?};
    F -- Sim --> C;
    F -- Não --> E;

    subgraph Legenda
        direction LR
        G[Tabela MANAGED: Simplicidade e Otimização]
        H[Tabela EXTERNAL: Flexibilidade e Controle]
    end

    style C fill:#f9f,stroke:#333,stroke-width:2px
    style E fill:#ccf,stroke:#333,stroke-width:2px

Conclusão e Próximos Passos


A escolha entre tabelas MANAGED e EXTERNAL no Databricks é uma decisão estratégica que alinha suas necessidades técnicas com os objetivos de negócio.


  • Opte por Tabelas MANAGED como padrão para novos projetos desenvolvidos inteiramente dentro do ecossistema Databricks. Você ganhará em simplicidade, governança integrada e otimizações de performance que se traduzem em economia de custos e maior agilidade.


  • Recorra às Tabelas EXTERNAL quando precisar de interoperabilidade com outros sistemas, quando estiver trabalhando com dados legados já existentes no seu data lake, ou quando a política de ciclo de vida dos dados deve ser independente da plataforma Databricks.


Compreender profundamente essas diferenças permite que você construa uma arquitetura de dados robusta, eficiente e segura, extraindo o máximo valor da plataforma Databricks. Como próximo passo, recomendo explorar a documentação do Unity Catalog para aprofundar seus conhecimentos sobre governança e as funcionalidades de otimização que discutimos.


Boas análises!

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